Quando foi a última vez que te vi?
De repente!Dei conta do sumiço
Parece até que foi feitiço
O que ocorreu?
Dificilmente você não morreu
Se viva estais tens cem anos ou mais
Estás velha demais
Mas não é isto que me intriga
É o teu desaparecimento
De repente desvanecestes
Contacto perdi com uma velha amizade
Foi do destino uma grande crueldade
Eras tão fàcilmente presente
Hoje és apenas uma sombra ausente
Viste-me ao nascer
De ti sempre recebi muita ternura
Quanto te via não sentia agrura
Era muito bom te encontrar
Era um espontâneo evocar
De toda passada infância
Voltava a me sentir criança
Uma enorme saudade aflora
Quando de ti sinto tua simplicidade
Emanavas uma grande bondade
Tudo em ti era uma grande naturalidade
Porque não tínhamos teu endereço?
Será que não era falta de apreço?
Somente tu nos visitavas
E nunca cobravas de nós
Da nossa falta de gentileza
Esta era nossa real pobreza:
Por não sabermos teu endereço
Perdemos o teu paradeiro
Por onde por último andastes?
De que morrestes?
Quando partistes?
Partistes em vida
Sem um aceno sem despedida
Um grande desencontro-ferida
Partiste meu espírito
Num permanente indagação
Onde estás?Quando voltarás?